sábado, 25 de junho de 2016

QUAL A DROGA MAIS VICIANTE? PARTE 3

folha de coca (cujo consumo mesmo se em grandes quantidades, leva apenas à absorção de uma dose minúscula de cocaína) é usada comprovadamente há mais de 5000 anos pelos povos nativos da América do Sul. Eles a mastigavam para ajudar a suportar a fome, a sede e o cansaço, sendo, ainda hoje, consumida legalmente em alguns países (Bolívia) sob a forma de chá (a absorção do princípio ativo, por esta via, é muito baixa). Os Incas e outros povos dos Andes usaram-na certamente, permitindo-lhes trabalhar a altas altitudes, onde a rarefação do ar e o frio tornam o trabalho árduo especialmente difícil. A sua ação anorexiante (supressora da fome) lhes permitia transportar apenas um mínimo de comida durante alguns dias.
Inicialmente os espanhóis, constatando o uso quase religioso da planta, nas suas tentativas de converter os índios ao cristianismo, declararam a planta produto do demónio.
O seu uso entre os espanhóis do novo mundo espalhou-se, sendo as folhas usadas para tratar feridas e ossos partidos ou curar a constipação/resfriado. A coca foi levada para a Europa em 1580.
Coca-Cola seria inventada em parte como tentativa de competição dos comerciantes americanos com o vinho Mariani importado da Itália. A Coca-Cola continuaria desde a sua invenção até 1903 a incluir cocaína nos seus ingredientes, e os seus efeitos foram sem dúvida determinantes do poder atrativo inicial da bebida.
A cocaína tornou-se popular entre as classes altas no fim do século XIX. Entre consumidores famosos do vinho Mariani contavam-se Ulysses Grant, Papa Leão XIII, que até apareceu na publicidade do produto e Frédéric Bartholdi (francês, criador da Estátua da liberdade), que comentou que se o vinho tivesse sido inventado mais cedo teria feito a estátua mais alta. A cocaína foi nessa altura popularizada como tratamento para a toxicodependência de morfina.
A cocaína tem o aspecto de um pó branco cristalino de sabor amargo (é um sal, hidrocloreto de cocaína). Pode ser consumida por várias vias, sendo bem absorvida por todas, mas o modo mais comum é pela aspiração da droga, que normalmente se apresenta sob forma de pó.  Alguns consumidores chegam a injetar a droga diretamente na corrente sanguínea, o que eleva consideravelmente o risco de uma parada cardíaca irreversível, causada por uma overdose.
A Cocaína tem uma meia vida de 30 a 60 minutos sendo biotransformada no fígado e pelas estreases plasmáticas. Sua eliminação é feita pela urina sob a forma de 4 subprodutos. Ecgonina, Ecgonina-metilester (sem atividade vasoconstritora), norcaína (potente vaso constritor) e o principal metabólito, benzilecgonina (detectável em até 30 dias). Portanto, ao contrário do que a maioria das pessoas pensam, quando se busca uma droga no organismo, a depender do tempo de ingestão, começa-se pela identificação dos produtos.
A cocaína é um inibidor da enzima MAO (monoamina oxidase), da recaptação e estimulante da liberação de noradrenalina e dopamina, existentes nos neurônios. A dopamina e a noradrenalina são neurotransmissores cerebrais que são secretados para a sinapse, de onde são recolhidos outra vez para dentro dos neurônios por esses transportadores inibidos pela cocaína.
Logo o seu consumo aumenta a concentração e duração desses neurotransmissores. Os efeitos são similares aos das anfetaminas, mas mais intensos e menos prolongados. Causa constrição local.
Os sintomas de envenenamento pela cocaína referem-se sobretudo ao sistema nervoso central. Ela estimula os centros respiratórios, elevando a velocidade e profundidade da respiração.
Efeitos imediatos da Cocaína
A cocaína causa danos cerebrais microscópicos significativos com cada dose. Com o início do consumo regular os danos tornam-se irreversíveis.
(I) efeitos psicológicos: euforia, sensação de poder, ausência de medo, ansiedade, agressividade, excitação física, mental e sexual, anorexia (perda do apetite), insônias, delírios.
(II) efeitos nos organismos: taquicardia, aumento na frequência cardíaca (sensação do coração bater mais rápido e mais forte contra o peito), hipertensão arterial, vasoconstrição, urgência de urinação, tremores, dilatação da pupila, hiperglicemia, suor e salivação intensa e com textura grossa, dentes anestesiados.
Efeitos em altas doses
De acordo com a percentagem de pureza da cocaína consumida. Para alguns organismos, com apenas 1g, os efeitos abaixo já começam a aparecer.
Os efeitos são: convulsões, depressão neuronal, alucinações, paranoia (geralmente reversível), taquicardia, mãos e pés adormecidos, depressão do centro neuronal respiratório, depressão vasomotora e até mesmo coma e morte em uma overdose.
As overdoses de cocaína são rapidamente fatais. Caracterizam-se por arritmias cardíacas, convulsões epilépticas generalizadas e depressão respiratória com asfixia.
Efeitos a longo prazo
A cocaína apresenta fenômeno de tolerância bem definido e de estabelecimento rápido. Para obter os mesmos efeitos, o consumidor tem de usar doses cada vez maiores. Os efeitos da cocaína, com o tempo, começam a durar menos e começam a ter intensidade menor com o tempo de uso, então o consumidor consome cada vez mais a droga para se satisfazer na mesma intensidade que antes. Provoca danos cerebrais extensos em um curtíssimo período de tempo de consumo.
A longo prazo (alguns meses) ocorrem invariavelmente múltiplas hemorragias cerebrais com morte extensa de neurônios e perda progressiva das funções intelectuais superiores. São comuns síndromes psiquiátricas como esquizofrenia e depressão profunda unipolar.
Efeitos a longo prazo:
·        Perda de memória
·        Perda da capacidade de concentração mental
·        Perda da capacidade analítica.
·        Falta de ar permanente, trauma pulmonar, dores torácicas
·        Destruição total do septo nasal (se inalada).
·        Perda de peso até níveis de desnutrição
·        Cefaleias (dores de cabeça)
·        Síncopes (desmaios)
·        Distúrbios dos nervos periféricos ("sensação do corpo ser percorrido por insetos")
·        Silicose, pois é comum o traficante adicionar talco industrial para aumentar seus lucros, fato verificado em necropsia, exame de hemogramas.
Efeitos tóxicos agudos
Estes efeitos podem ocorrer ou não após uma única dose baixa, mas são mais prováveis com o uso continuado e em doses altas:
·        Arritmias cardíacas: complicação possivelmente fatal.
·        Trombose coronária com enfarte do miocárdio (provoca 25% dos enfartes totais em jovens de 18-45 anos)
·        Trombose cerebral com AVC.
·        Outras hemorragias cerebrais devidas à vasoconstrição simpática.
·        Necrose (morte celular) cerebral
·        Insuficiência renal
·        Insuficiência cardíaca
·        Hipertermia com coagulação disseminada potencialmente fatal.
A cocaína interfere diretamente no modo como o cérebro usa a dopamina para enviar mensagens entre um neurônio e outro. Basicamente, a cocaína evita que os neurônios “desliguem” o sinal receptivo de dopamina, resultando numa ativação anormal dos caminhos de recompensa. 
Em experimentos com animais, a cocaína eleva em três vezes os níveis de cocaína. Estima-se que entre 14 e 20 milhões de pessoas sejam dependentes de cocaína, droga que movimenta cerca de 75 bilhões de dólares anualmente. O entorpecente é tão perigoso que cerca de 21% das pessoas que o experimentam uma única vez tornam-se dependentes.

Pelo Professor Eudo Robson
- Técnico em Química
- Manipulador de Medicamentos
- Esteticista
- Cosmologista
- Dermo-Farmacêutico
- Químico Industrial
- Mestre em Química
- Doutorando em Cosmetologia


Cleopatra S. Planeta; Fábio C. Cruz – Revista de Psiquiatria Clínica
Por Juan Antonio Galbis Pérez - Panorama actual de la química farmacêutica
https:///pt/impotencia/fumar-e-impotencia
pt.wikipedia.org


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